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Há mais de dez anos eu sou confundido com Gustavo Petro, que venceu as eleições colombianas neste domingo (19) e se tornou o primeiro presidente de esquerda da história do país. A diferença está em um “simples” acento no final do nosso sobrenome. E também nas nossas contas no Twitter: a minha, @gustavopetro, e a dele, @petrogustavo.
Faz bastante tempo, mas tudo começou em 2010, quando comecei a receber algumas mensagens em espanhol e achei estranho.
Na época, como repórter de games e de tecnologia do g1, minhas publicações eram mais voltadas aos dois temas e à divulgação das reportagens do portal. Fui pesquisar o motivo de receber menções em outro idioma e descobri que eu tinha um homônimo colombiano muito conhecido. Gustavo Petro, em 2011, era senador e estava se candidatando à prefeitura de Bogotá – ele venceu na ocasião.
O g1 publicou uma reportagem sobre homônimos no Twitter por conta da @sarney, uma americana que nada tem a ver com o político José Sarney, mas que recebia mensagens de todo o tipo de brasileiros que se confundiam. O Petro falou brevemente comigo para a reportagem em que contei um pouco da história na época e depois nunca mais tivemos contato.
Gustavo Petró, jornalista do g1 — Foto: Arquivo pessoal
A partir dessa época, comecei a receber cada vez mais mensagens em espanhol. A maioria, reclamações e xingamentos (alguns bem pesados), o que imagino ser normal para um político que comanda a capital de um país. O mais curioso é que veículos de comunicação se confundiam também e me marcavam em reportagens.
Mesmo com uma grande quantidade de mensagens, que mais tarde invadiram outras redes como Instagram e Facebook, sempre tentei levar na brincadeira. Interagi com pessoas que reclamavam e que elogiavam, fiz mensagens ao Gustavo Petro colombiano com bastante humor. Eu me divirto muito e acho engraçado toda essa confusão. Afinal, não é todo o mundo que tem um homônimo famoso.
Em 2021, com a proximidade das eleições na Colômbia, comecei a receber mais menções do que o normal, principalmente no Twitter. A maioria xingamentos de eleitores contra Petro. Um dos que mais me marcou e que fiz piada foi um que dizia que eu era o “culpado de tudo”. Essa brincadeira fez bastante sucesso e até virou um sticker no WhatsApp.
Os colombianos que não me xingam inventaram o termo “Petroverso”, para brincar com a existência de dois “Petros”.
Sticker de Whatsapp enviado da Colômbia — Foto: Arquivo pessoal
Fui me “encontrar” com Petro em 2021, em uma entrevista para uma TV colombiana. Nessa conversa virtual, soubemos que nossa família tem a mesma origem, mas uma parte foi para o Caribe e outra foi para o Sul do Brasil (que é da onde venho). Falei que o acompanho sua trajetória (até porque não tenho como não saber do que acontece na Colômbia pela quantidade de menções que recebo nas redes) e que li sobre sua história. Ele disse que, caso ganhasse, me convidaria para a posse. Agora, posso cobrar!
A entrevista para esse canal ajudou muito a fazer com que as pessoas soubessem a diferença nas contas das redes sociais e que eu sou brasileiro. Mas não impediu de eu ser marcado e lembrado nas redes sociais.
Mas com Petro presidente, agora, minhas redes sociais estão explodindo! Estou ganhando muitos seguidores colombianos (hoje, cerca de 35% dos meus seguidores são de lá) e muitas menções que não consigo nem acompanhar. Pelo menos, se estou recebendo xingamentos, eles estão sumindo. As mensagens são de comemoração pela vitória dele. Vamos ver por quanto tempo isso vai durar.
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