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O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, de 67 anos, foi baleado durante discurso na cidade de Nara, no Oeste do Japão, na manhã desta sexta-feira (8) – noite de quinta, 7, no Brasil – informou um porta-voz do governo.
Abe foi atacado por volta de 11h30, perto da estação Yamato-Saidaiji, e caiu. Imagem mostra o ex-premiê no chão, com as mãos no peito e com a camisa ensanguentada.
Aos menos dois tiros foram disparados, informou um repórter da agência estatal de notícias “NHK”, mas não está claro se Abe foi atingido duas vezes.
Ex-premiê Shinzo Abe é baleado no Japão, diz imprensa local
Um helicóptero levou o ex-premiê, aparentemente inconsciente, ao Hospital Universitário de Nara.
O secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, disse que não conhecia a condição de Abe. “Um ato bárbaro como esse é absolutamente imperdoável, não importa quais sejam os motivos, e o condenamos fortemente”, disse.
O oficial do corpo de bombeiros local, Makoto Morimoto, disse que Abe estava em parada cardiorrespiratória, mesma informação divulgada pela “Kyodo News”. A NHK falou em “insuficiência cardíaca”, que significa que o coração não consegue bombear sangue o suficiente e fornecer o oxigênio necessário para o resto do corpo.
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe — Foto: Franck Robichon / AP Photo
A imprensa local disse que um suspeito foi detido por tentativa de homicídio: um homem de 42 anos. Segundo a imprensa japonesa, o atirador é um ex-integrante da Marinha do Japão.
A polícia afirmou também ter recuperado a arma usada no ataque. A imprensa local disse que trata-se de uma espingarda de fabricação caseira
Shinzo Abe apareceu no encerramento das Olimpíadas do Rio em 21 de agosto de 2016. — Foto: Stoyan Nenov/Reuters/Arquivo
O primeiro-ministro Fumio Kishida, que pertence ao mesmo partido político de Abe, disse que o ex-premiê está internado em estado grave.
“Estou orando do fundo do meu coração para que Abe sobreviva a essa provação”, afirmou Kishida.
Abe esteve no poder durante oito anos e deixou o cargo em setembro de 2021. Foi o chefe de governo do Japão a ocupar o cargo por mais tempo. Seu sucessor – o 100º primeiro-ministro do país – é Fumio Kishida, ex-ministro das Relações Exteriores, eleito em outubro de 2021.
Ao renunciar, Abe alegou motivos de saúde. Ele sofre de colite ulcerativa crônica, uma doença que já o havia tirado do poder em uma outra ocasião, em 2007.
“Eu me dediquei de corpo e alma à recuperação econômica e à diplomacia para proteger o interesse nacional do Japão todos os dias desde que retornamos ao poder”, disse Abe à época.
Ele ainda domina o partido no poder, o Partido Liberal Democrata (LDP), e controla uma de suas principais facções.
Abe se tornou conhecido no exterior pela estratégia de recuperação econômica, conhecida como “abenomics”, na qual mesclava flexibilização monetária, grande reativação do orçamento e reformas estruturais.
Abe Shinzo em março de 2020 — Foto: Kim Kyung-Hoon/Pool/Reuters
Abe é de família política rica, com pai que foi ministro das Relações Exteriores. Ele foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex-primeiro-ministro Nobusuke Kishi, e se tornou o premiê mais jovem do Japão em 2006, aos 52 anos. Sua primeira passagem, porém, foi interrompida abruptamente por causa de seu problema de saúde.
Em agosto de 2021, bateu o recorde de longevidade no cargo de primeiro-ministro do Japão no mesmo mandato: 2.799 dias consecutivos. Ele já havia superado a marca em novembro do ano passado, mas contando sua primeira passagem à frente do país, muito mais efêmera (um ano entre 2006 e 2007).
Sua retórica política frequentemente mencionava a necessidade de fazer com que o Japão tivesse um papel mais relevante nos assuntos internacionais.
Na última gestão, Shinzo Abe estabeleceu fortes laços com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e desagradou países próximos, como China, Coreia do Sul e Coreia do Norte, por conta do seu nacionalismo.
A sua popularidade caiu e registrou o menor nível desde que retornou ao poder em 2012. Ele foi criticado por sua gestão na pandemia.
Vista aérea do local onde o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi baleado — Foto: Kyodo / via REUTERS
Abe se tornou conhecido no exterior pela estratégia de recuperação econômica, conhecida como “abenomics”, na qual mesclava flexibilização monetária, grande reativação do orçamento e reformas estruturais.
Porém, sem reformas realmente ambiciosas, o programa registrou apenas êxitos parciais, ofuscados pela crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus. Mas mesmo diante da pandemia, manteve o Iene como moeda forte.
Abe também reforçou os gastos com defesa após anos de declínio, e expandiu a capacidade dos militares de projetar poder no exterior. Em uma mudança histórica em 2014, seu governo reinterpretou a constituição pacifista do pós-guerra para permitir que as tropas lutassem no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
O ex-premiê foi fundamental para levar as Olimpíadas de 2020 para Tóquio, alimentando o desejo de presidir os Jogos, que foram adiados em um ano, para 2021, por causa da pandemia do COVID-19.
O Japão é o terceiro país mais rico do mundo e o líder do governo tem o respeito e admiração dos seus pares.
Autoridades pelo mundo lamentaram o ataque contra Abe. Leia abiaxo:
Antony Bliken, secretário de Estado dos EUA
“Nossos pensamentos, nossas orações estão com ele, com sua família, com o povo do Japão”, disse Blinken durante uma reunião do G20 na ilha indonésia de Bali. “Este é um momento muito, muito triste. E estamos aguardando notícias do Japão”
“Estamos chocados e entristecidos ao ouvir sobre o ataque violento contra o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Estamos monitorando de perto os relatórios e mantendo nossos pensamentos com sua família e o povo do Japão”.
Anthony Albanese, premiê da Austrália
“Notícias chocantes do Japão de que o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe foi baleado. Nossos pensamentos estão com sua família e o povo do Japão neste momento”.
Donald Trump, ex-presidente dos EUA
Rahm Emanuel, embaixador dos EUA no Japão
“Abe tem sido um líder notável do Japão e um aliado inabalável dos Estados Unidos. O governo dos EUA e o povo americano estão orando pelo bem-estar de Abe, sua família e o povo do Japão”.
Mikhail Galuzin, embaixador da Rússia no Japão
“Oramos pela saúde do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Condenamos veementemente o atentado bárbaro contra sua vida”.
Tsai Ing-Wen, presidente de Taiwan
“Acredito que todos estão tão surpresos e tristes quanto eu. Taiwan e Japão são países democráticos com estado de direito. Em nome do meu governo, gostaria de condenar severamente atos violentos e ilegais. O ex-primeiro-ministro Abe não é apenas um bom amigo meu, mas também um amigo fiel de Taiwan. Ele apoiou Taiwan por muitos anos e não poupou esforços para promover o progresso das relações Taiwan-Japão”.
Yoshitaka Sakurada, ex-ministro dos Jogos Olímpicos de Tóquio
“Não posso acreditar que algo assim possa acontecer no século 21. Ainda há a Rússia, que também foi além das expectativas, mas não posso acreditar que algo assim possa acontecer no Japão.”
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