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*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Quando alguém nos faz a temida pergunta: “Qual o seu peso?”, em geral nós respondemos de maneira errada. Não por vergonha, ou qualquer coisa desse tipo, mas porque, em nosso cotidiano, nós utilizamos a palavra “peso” de forma diferente da utilizada dentro da Física. Quando alguém nos pergunta nosso peso, a pessoa quer realmente saber nossa massa (medida em quilogramas). Já em Física, o peso é a força de atração gravitacional que um corpo sente perto da superfície de um planeta como a Terra, e que deve ser medida em Newtons.
Seja em Física ou em outras áreas do conhecimento humano, os conceitos mais básicos são, por vezes, mais difíceis de definir do que os conceitos mais avançados. Isso acontece porque as ideias mais elaboradas costumam utilizar regras já estabelecidas pelos conceitos mais primordiais.
Definir alguns conceitos que são básicos em nosso cotidiano pode ser muito difícilFonte: Shutterstock
Conceitos como peso, massa, energia e tempo são chamados de fundamentais dentro da Física, o que faz com que definí-los seja mais difícil do que parece. Experimente parar um pouco e se fazer a pergunta do título desse texto (“o que é o tempo?”), e repare no quão difícil é colocar em palavras algo que pareceria óbvio anteriormente.
Cada um desses conceitos fundamentais pode ser discutido em um texto posterior, dada a profundidade dos assuntos. Nesse em particular, nos dedicaremos ao conceito de tempo. Um ponto de partida comum é pensar que o tempo é representado pela sequência de eventos que acontecem na natureza, como a órbita da Terra ao redor do Sol, que nós utilizamos para medir o ano, por exemplo. Entretanto, podemos aprofundar mais o questionamento para pensar no que realmente define a passagem de tempo.
O que realmente define a passagem do tempo?Fonte: Shutterstock
Para começar, Albert Einstein foi um dos primeiros a perceber que o tempo é relativo. Isto é, ele não passa da mesma forma, dependendo de quem o mede. Dizer isso não é a mesma coisa que a percepção de que o tempo passa rápido quando nos divertimos ou que passa devagar quando estamos na cadeira do dentista, por exemplo. As ideias de Einstein consistem no tempo literalmente passando mais devagar ou mais rápido de acordo com a velocidade do observador. Por exemplo, um observador com uma velocidade maior percebe o tempo passando mais devagar do que um observador mais lento. Tal diferença é possível de ser calculada e é bastante comum a utilização de tal cálculo para medir nossa posição através de satélites de GPS que estão se deslocando com velocidades altíssimas na órbita da Terra.
Além disso, podemos imaginar duas pessoas que seguram uma pedra e a deixam cair. Se elas estiverem muito distantes entre si, elas podem discordar sobre qual pedra caiu primeiro. Ou seja, nem mesmo a ordem de acontecimento dos eventos é absoluta. Logo, a definição de tempo como a tal sequência de acontecimentos não é boa o bastante se quisermos aprofundar nosso entendimento da natureza.
Um conceito bastante utilizado para tentar definir o tempo é a entropia. Para entendê-la, podemos imaginar um castelo de areia que, com o tempo, é destruído aos poucos pelo vento que pode levar os grãos de areia a se desorganizarem. Porém, o vento não faz os grãos de areia de uma praia deserta se organizarem em um castelo. Esse grau de desordem dos grãos de areia e, de maneira geral, do universo inteiro, é chamado de entropia. E uma das leis mais bem estabelecidas da Física diz que a entropia do universo sempre deve aumentar. Assim, o universo está constantemente ficando mais desordenado, e o aumento da entropia é o que nos dá a noção da passagem de tempo.
Segundo a entropia, é fisicamente impossível uma viagem no tempo para o passado (onde a entropia diminuiria) e perfeitamente possível viajar para o futuro, uma vez que a entropia aumenta nessa “direção”. Portanto, como é possível perceber, desse ponto de vista, nossa noção de tempo é meramente uma consequência das propriedades naturais do nosso universo. Essa discussão é apenas um dos exemplos que podem nos mostrar o quão profundas são as questões do nosso universo e da nossa natureza. E que, apesar de não termos respostas definitivas, e provavelmente nunca vamos ter, no mínimo, a busca por tais respostas pode ser uma boa forma de passar o tempo.
Rodolfo Lima Barros Souza, professor de Física e colunista do TecMundo. É licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp na área de Percepção Pública da Ciência. Está presente nas redes sociais como @rodolfo.sou
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